A gestão de riscos é um processo essencial para as organizações, pois visa identificar, avaliar e mitigar os riscos que podem afetar sua saúde financeira e reputação. No entanto, a busca incessante por controlar todos os riscos pode resultar em consequências não intencionais, incluindo a criação de novos desafios.
Controles Excessivos: O Risco Oculto:
Nessa ânsia de controlar todos os riscos, as áreas de Controles Internos e Compliance muitas vezes recorrem a estratégias excessivamente rigorosas. Isso pode se traduzir em processos burocráticos e morosos, que, por sua vez, podem irritar as equipes operacionais. A introdução de controles excessivos pode, paradoxalmente, aumentar os riscos, tanto operacionais quanto legais. Afinal, quando os funcionários se sentem sufocados por regras e regulamentações, podem buscar maneiras de contorná-las, criando assim um ambiente propício a riscos não detectados.
A imposição de controles excessivos, sem um embasamento sólido em normas estabelecidas ou regulamentações, pode levar a um fenômeno preocupante conhecido como ‘Unknown Unknowns’. Esses são riscos que não apenas não foram previstos, mas também não são conhecidos pelos responsáveis pela gestão de riscos.
Um estudo recente do IBGC revelou que 60% das empresas brasileiras que implementaram controles excessivos enfrentaram problemas operacionais significativos. O estudo também constatou que essas empresas apresentaram um desempenho inferior ao das empresas que adotaram uma abordagem mais equilibrada à gestão de riscos.”
A Psicologia Social na Gestão de Riscos:
Segundo os princípios da psicologia social, a identificação é crucial. Se os funcionários da empresa não se identificarem com as políticas de controle de riscos, é mais provável que resistam a elas e busquem maneiras de contorná-las. O comprometimento das equipes com a gestão de riscos é essencial para o sucesso do processo. Isso requer uma abordagem mais colaborativa, na qual as áreas de risco trabalham em conjunto com as áreas operacionais para desenvolver estratégias eficazes e equilibradas.
A comunicação eficaz desempenha um papel fundamental na gestão de riscos. Os profissionais de risco devem explicar claramente as razões por trás dos controles e regulamentações, demonstrando como eles contribuem para o bem-estar da organização. Além disso, é importante ouvir as preocupações das equipes operacionais e ajustar as estratégias de mitigação de riscos de acordo com o feedback recebido.
À luz das pesquisas e estudos sobre gestão de riscos, fica claro que o estabelecimento de controles sem um embasamento sólido em normas e regulamentações pode aumentar significativamente os riscos desconhecidos, representando uma ameaça real para as organizações. Portanto, a abordagem ideal deve equilibrar a necessidade de controle com a flexibilidade para se adaptar a riscos emergentes e desconhecidos. A gestão de riscos eficaz requer não apenas a implementação de controles, mas também uma abordagem proativa para identificar, avaliar e responder a riscos em constante evolução. Dessa forma, as organizações podem melhorar sua resiliência e capacidade de lidar com os desafios imprevistos que o ambiente empresarial apresenta.
Além das considerações já apresentadas, é importante ressaltar que a gestão de riscos deve ser um processo contínuo e dinâmico. O ambiente empresarial está em constante mudança, e os riscos que as organizações enfrentam também estão em constante evolução. Portanto, é essencial que as organizações reavaliem periodicamente sua abordagem à gestão de riscos para garantir que ela esteja adequada às mudanças do ambiente.