Compliance Behavior: A Nova Fronteira do Compliance

Dentro do ambiente empresarial, as organizações estão buscando por estratégias mais avançadas para assegurar a conformidade e a integridade corporativa. Surgindo nesse contexto, o conceito de Compliance Behavior, que se destaca por priorizar a ação humana em vez de simplesmente seguir normas já estabelecidas. Essa abordagem, fundamentada na Psicologia Social, utiliza princípios e estudos comportamentais para instaurar uma cultura de conformidade voluntária e ética no ambiente organizacional.

O Que é Compliance Behavior?

Compliance Behavior transcende a implementação tradicional de normas e políticas, focando-se na gestão comportamental dos colaboradores. Em vez de meramente garantir que os funcionários sigam normas e procedimentos, esta metodologia visa criar uma cultura organizacional onde a conformidade é uma escolha natural, profundamente enraizada nos valores e nas atitudes individuais. Para entender essa abordagem, é fundamental recorrer à Psicologia Social, que oferece um conjunto robusto de teorias e pesquisas sobre o comportamento humano em contextos sociais.

Psicologia Social e Compliance Behavior

A Psicologia Social estuda como os pensamentos, sentimentos e comportamentos das pessoas são influenciados pela presença real ou imaginada de outros. Autores como Stanley Milgram, Philip Zimbardo, e Albert Bandura forneceram insights valiosos que ajudam a moldar as práticas de Compliance Behavior.

  • Teoria da Conformidade de Solomon Asch: Asch demonstrou, através de seus experimentos de conformidade, que as pessoas tendem a ajustar seus comportamentos para se alinhar ao grupo, mesmo quando acreditam que o grupo está errado. Aplicado ao Compliance Behavior, isso sugere que criar uma cultura organizacional forte, onde a conformidade ética é a norma, pode incentivar os colaboradores a aderirem voluntariamente às práticas de compliance.
  • Experimento de Milgram sobre Obediência: Stanley Milgram mostrou como as pessoas podem obedecer à autoridade, mesmo contra seus próprios princípios. No contexto corporativo, isso significa que a liderança desempenha um papel crucial na modelagem do comportamento dos colaboradores. Uma liderança que exemplifica práticas éticas e de conformidade influencia positivamente a adesão dos funcionários a essas práticas.
  • Teoria da Aprendizagem Social de Bandura: Albert Bandura propôs que o comportamento é aprendido por observação e imitação. Em um ambiente corporativo, se os líderes e colegas praticam o compliance de forma visível e consistente, os outros colaboradores são mais propensos a adotar esses comportamentos.

A Metodologia Convencional de Compliance

Tradicionalmente, o compliance é visto como um conjunto rígido de regras e regulamentos necessários para evitar penalidades e assegurar a conformidade com leis e normas. As ações típicas incluem:

  • Implementação de Políticas e Procedimentos: Estabelecimento de manuais, códigos de conduta e políticas que definem o comportamento esperado.
  • Treinamento Regular: Sessões para orientar os colaboradores sobre como seguir as regras.
  • Monitoramento Contínuo e Auditoria: Avaliação constante para garantir a adesão às políticas, com auditorias regulares para identificar não conformidades.
  • Punições e Consequências: Aplicação de penalidades para dissuadir o descumprimento das normas.

Essa abordagem, embora eficaz, muitas vezes resulta em um cumprimento superficial, onde os colaboradores seguem as regras sem compreender ou internalizar sua importância. A Psicologia Social argumenta que o simples seguimento de regras sem compreensão profunda pode levar a uma cultura de conformidade mínima, onde os colaboradores seguem as normas apenas para evitar punições, e não por um compromisso genuíno com a ética.

A Revolução do Compliance Behavior

Compliance Behavior propõe uma revolução ao focar na psicologia e no comportamento por trás das ações dos colaboradores. Em vez de impor regras, esta metodologia busca entender as motivações dos comportamentos e como alinhá-los aos valores e objetivos da empresa. As principais características incluem:

  • Análise Comportamental: Estudo das motivações e influências sobre o comportamento dos colaboradores, como a cultura organizacional e valores pessoais. Estudos de B. F. Skinner sobre o comportamento operante, por exemplo, destacam como o comportamento pode ser moldado por reforços positivos. No ambiente corporativo, isso significa que as práticas de compliance devem ser reforçadas positivamente, incentivando comportamentos desejados.
  • Engajamento Proativo: Envolvimento dos colaboradores na criação e implementação de políticas, promovendo um maior senso de pertencimento e responsabilidade. A teoria de Kurt Lewin sobre mudança organizacional destaca a importância do engajamento ativo dos membros da organização para efetivar mudanças duradouras.
  • Autonomia e Reflexão: Incentivo à reflexão sobre as consequências das ações e promoção da autonomia na tomada de decisões éticas. Deci e Ryan, com sua teoria da autodeterminação, argumentam que indivíduos que sentem autonomia em suas ações são mais propensos a se engajar de maneira genuína e ética.
  • Cultura de Ética e Integridade: Desenvolvimento de uma cultura organizacional onde a ética é valorizada e o compliance é visto como um componente do sucesso corporativo, não apenas uma obrigação. A criação de uma cultura forte, como destacado por Edgar Schein, é fundamental para o sucesso do Compliance Behavior. Uma cultura corporativa robusta pode alinhar as normas informais (cultura organizacional) com as formais (políticas de compliance).

Comparação: Compliance Behavior vs. Metodologia Convencional

  • Foco: Enquanto o método convencional centra-se em regras e conformidade técnica, o Compliance Behavior concentra-se no comportamento humano e na cultura corporativa.
  • Abordagem: O método tradicional é imposto de cima para baixo (top-down), com regras estabelecidas pela liderança. Já o Compliance Behavior é participativo, envolvendo todos os níveis da organização.
  • Resultados: A abordagem tradicional garante uma conformidade mínima, enquanto o Compliance Behavior busca uma adesão voluntária e um compromisso genuíno com a ética.

O Compliance Behavior representa uma evolução significativa na gestão da conformidade e da ética nas empresas. Ao integrar princípios da Psicologia Social e focar no comportamento humano, essa metodologia não apenas assegura o cumprimento das regras, mas também promove uma cultura de integridade e responsabilidade, essencial para o sucesso a longo prazo. Implementar o Compliance Behavior pode ser desafiador, mas os benefícios em termos de engajamento dos colaboradores e mitigação de riscos éticos são incalculávei.

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